terça-feira, 27 de maio de 2008

“A Linguagem Indireta e as Vozes do silêncio” Merleau-Ponty


Ponty inicia a linguagem indireta questionando sobre o significado dos signos, nota-se, que ele atribui aos termos a diferença que eles possuem caracterizando o movimento da linguagem. Segundo Ponty, uma criança toma conhecimento da linguagem através de fonemas que mais tarde, se constituem em palavras e frases completas, dotadas de sentido. "Uma língua se aprende e, neste sentido, vemo-nos obrigados a ir das partes ao todo".

Mesmo a língua apresentando muitas definições, ela apresenta novas características por intermédio da cultura, que nos concebe diferentes formas de se compreender o mundo, a depender de cada individuo, que pode interpretar o que lhe é dito de diversas maneiras. “O sentido é o movimento total da fala, eis porque o pensamento arrasta-se na linguagem". Segundo Ponty, quando falamos algo, nem sempre utilizamos o vocábulo para cada coisa pensada, pois nunca diríamos nada, não viveríamos na linguagem e sim no silêncio.

As idéias possuem um espírito que precisa se manifestar, seja através da palavra ou do silêncio, que por muitas vezes não são capazes de carregar a intenção desejada, quando se gesticula, pode-se afirmar que serve de complemento para se dizer o que se pretende, como acontece neste exemplo com os escritores que se utilizam de signos existentes para que os leitores possam agrupar suas idéias e organizá-las.

Sobre a pintura, Ponty afirma que ela pretende ser tão convincente quanto os objetos e não pensa nos tocar senão como eles. Através da pintura, o pintor se utiliza da técnica ao mesmo tempo da inspiração, para representar na tela sua visão de mundo, ao passo que, confessa seus conflitos internos. Segundo Malreaux, a concepção moderna da pintura – como expressão criativa – foi uma novidade muito mais para o público que para os próprios pintores, que a praticavam, mesmo quando não a teorizavam.

Em contrapartida, a pintura clássica, representa fielmente o real, pois a partir dela novos signos foram disseminados, capazes de enganar nossos sentidos, atribuindo novas características. Mas essa preocupação, apenas ficou limitada a expressão. De acordo com idéias extraídas do texto, Ponty descreve algumas características distintas entre os pintores clássicos, e os pintores modernos: segundo ele, os pintores clássicos eram singulares, já os pintores modernos, buscam a originalidade e o seu poder de expressão confunde-se para com ele com a sua indiferença individual.

Neste contexto, o conceito de obra adquire uma nova dimensão como um campo aberto e inacabado, como relata Baudelaire.

Não se pode fazer o inventário da pintura – afirmar o que lhe contém e o que lhe falta - pela mesma razão por que, segundo os lingüistas, não cabe recensear o vocabulário: neste como naquela, não se lida com uma fonte finitas de signos , mas com um campo aberto ou com um novo órgão da cultura humana”.

Nota-se que as manifestações artísticas estão empenhadas em comunicar e registrar a realidade de sua época, que tendem a ser atemporais, pois estão submetidas a afeições e rivalidades. Para Ponty, estando a pintura sempre por fazer, as novas obras produzidas pelo pintor, hão de se adicionar aquelas que já foram realizadas. Neste sentido, pode-se afirmar que o artista precisa emitir novos valores que submetam o espectador a busca do senso critico.


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